Amarração amorosa – adoçamento ou pacto URGENTE

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A vida de Oxalá – Orixá da Criação!

Oxalá, orixá da criação, o patrono, o nosso Pai, orixá de natureza calma e pacífica. Diferentemente da figura de só bondade das outras religiões, o nosso Obatalá (Oxalá) é um guerreiro e responsável pela criação do ser humano.

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 Enfrentou várias provações para que tudo saísse bem. O próprio orixá, mesmo com sua grandeza, também recebeu de Olodumaré missões e restrições para que o mundo seguisse o caminho do crescimento.

A princípio o mundo era apenas água. Foi a pedido de Olodumaré que Oxalá jogou a terra sobre as águas, soltou uma galinha de cinco dedos um pombo para que espalhassem a terra.

Oxalá trouxe à Terra um companheiro indispensável para essa missão: lfá ou Orumilá, grande conselheiro e vidente que guiou os passos de Oxalá por essa incumbência na terra. Oxalá também recebeu de Olodumaré, as árvores sagradas como o Igê Opê Dendezeiro, indispensável ao culto e também fonte de alimento para o povo africano. Nos referimos à África como matriz do mundo porque nossas lendas foram trazidas de lá pelos ancestrais, mas sabemos também que o continente africano é o mais antigo de todos. Voltando à criação dos seres humanos, Oxalá, usando o barro e a água, criou o ser. Olodumaré Ihe soprou a vida (omé), mas foi pelas mãos de Oxalá, que esculpia os seres humanos, que o mundo pode então crescer e multiplicar.

O nome “Osalá” varia em determinados lugares ou nações de religiões diferentes. Na Umbanda, Oxalá é Jesus Cristo, eles se identificam e um representa o outro. O panteão dos orixás fun fun ou orixás brancos é de um grupo complexo de orixás jovens e de anciões patronos da religião lyoruda, Oxalufon (o grande orixá dos fon), Orisala, Obtala, Obarisa, além de serem nomes próprios, acabam sendo titulos de grandeza, sabedoria e prosperidade. Já Osogian, seu filho mais próximo e de forma fun fun, é de natureza guerreira e perseverante, pois nunca se contenta com a derrota, ou a falta de coragem, e luta para melhorar o crescimento do mundo.

No Brasil as variações de Oxalá são bastante grandes. As figuras Oxalufon e Oxagian (o velho e o novo) se difundiram mais. O tipo Oxalo ufan, sempre respeitado em todas as Umbandas brasileiras, traz em seu culto a cerimônia das “Águas de Oxalá”, em lembrança a sua peregrinação e sofrimento.

Conta a lenda que Oxalá, por ser soberano e nunca aceitar as limitações, desobedecendo os presságios de Ifá, iniciou uma viagem ao reino de Xangô, seu filho querido. Oxalá recebeu então o pedido de levar três trocas de roupa, sabão da costa e Ori. Oxalá era muito respeitado, por isso acreditava que nada de mal lhe aconteceria. Ele saiu em sua viagem caminhando somente com seu Opá Xoró – símbolo que representa todos os orixás e sua majestade. No caminho encontrou Exu com um pote cheio de azeite de dendê. Exu pediu ajuda alegando estar muito pesado e Oxalá, com sua bondade, não soube negar o pedido. Ifá lhe havia dito para não negar nenhum favor. Quando colocou o pote na cabeça, ele tombou e manchou sua roupa branca, deixando-o muito nervoso. O dendê é sua quizila e o seu tabu.

Exu saiu rindo de Oxalá, que foi ao rio, tomou banho, trocou de roupa e se Iambuzou de ori (manteiga da costa). Despachou a roupa e seguiu viagem. Mais a frente encontrou outro viajante que pediu ajuda para carregar um pote que continha “adi”, óleo feito do coquinho de dendê que também é seu tabu. O pote se quebrou e o óleo sujou a roupa de Oxalá. O viajante era Exu que mais uma vez saiu rindo. Oxalá se irritou e foi ao rio para se lavar. Trocou a roupa do ebó e seguiu viagem. Mais à frente encontrou novamente Exu com outra forma diferente que pede novamente ajuda com uma barrica cheia de carvão. Oxalá colocou-a nas costas e ela se quebrou. O carvão sujou toda sua roupa. Mesmo muito irritado, Oxalá não deixou de cumprir seu ritual e mais uma vez faz o ebó com a roupa suja e se lava no rio. Agora, dando mais atenção aos presságios de Ifá, procura ter mais cautela. Próximo ao reino de Xangô, Oxalá avista um cavalo branco de extrema beleza pastando. Ele o reconhece, pois era um presente que havia ganhado e resolve levá-Io a Xangô. O próprio cavalo reconhece Oxalá que o alimenta com milho. Os guardas do palácio, não reconhecendo Oxalá, o acusam de roubar o cavalo. Batem nele e o levam para a prisão onde fica por sete anos esquecido.

O reino de Xangô entra em decadência. Nada mais floresce. Nada mais se cria. O rei decide procurar lfá que o alerta sobre uma injustiça feita em seu reino com um homem vestido com roupas brancas que foi preso e torturado. Xangô sai pessoalmente em busca desse prisioneiro. Enfim, o encontra e pede aos soldados que libertem Oxalá todo sujo e coberto de poeira. Xangô, de joelhos, pede que tragam água da fonte e prepara roupas limpas do mais branco linho. Xangô então resolve punir os soldados, mas Oxalá o impede. Xangô não entende, mas Oxalá conta que não obedeceu aos presságios do Odu Egionilé e por três vezes encontrou Exu, como havia sido previsto. Ele não podia reclamar as mazelas senão não existiria mais. Até mesmo os guardas, que de tanto bater quebraram-lhe as pernas deixando-o coxo, Oxalá perdoava. Xangô (Airá), ao lado de Oxalá o tempo todo, não se conformava com a injustiça e pedia a Oxalá deixar vingá-lo, alegando que tal injustiça não poderia fazer parte do reino; senão todos os maus juízes nunca seriam justos e acabariam por condenar pessoas inocentes como foi Oxalá. Xangô então sugeriu que pusessem em uma cabana no mato alguns amuletos e que os soldados fossem atraídos para lá. Pela própria cobiça de obter os amuletos, seriam punidos com problemas no corpo.

Oxalá pensou e concluiu que seria uma boa forma de fazer justiça sem vingança. Essa cabana recebeu o nome de “Ilê lgbó”. Os soldados entraram na cabana e saíram cheios de defeitos físicos. A partir desse dia todos que nascessem com defeitos físicos se voltariam para o culto de Oxalá.

Oxalá, restabelecido, resolve voltar às suas terras (lfon) e Xangô pede a Airá lntelé que seja seus olhos, boca e pernas, contando a todos o sofrimento de Oxalá para que o desrespeito e a injustiça nunca mais se repitam. Assim vão, Airá e seu eterno amigo, carregando-o nas costas.

Em sua homenagem carregamos até os dias de hoje vasos com água pura e limpa para lavar os assentos de Oxalá, e seus símbolos, lavando também nossas cabeças para que os pensamentos ruins, e mesmo a injustiça, nunca façam parte de nossas vidas. Aos filhos de Oxalá ficou o dever de respeitar suas proibições e nunca mais montar ou usar qualquer tipo de utensílio feito de couro do animal (cavalo), sabendo que seu filho Oxogian nunca deixou de procurá-lo, resolve passar em Ejigbó. Oxalá então é recebido com muita festa e são servidas várias comidas brancas, entre elas o inhame pilado – no Brasil essa festa recebeu o nome de “Festa do Pilão”, celebrada com grande alegria no terreiro do Gantois de mãe Carmem, filha de Oxogian, uma das maiores sacerdotisas de Oxogian do Brasil.

Em São Paulo, uma das casas que também enaltece o orixá, é a casa de Pai Itabíi, filho de Oxogian, com uma festa de muito Axé.

Nós do Ilê Olá Omi As¡ Opó Araka contamos todos os anos com a presença de nosso querido babalorixá Pérsio de Xangô que,junto a minha mãe Iyalorixá Carmen D’Oxum e a Iyá Efun Terezinha D’Oxalá e todos do Egbé, humildemente mantém a tradição. Além de carregar água em homenagem a Oxalá, em silêncio e descalços, fazemos a festa do Pilão de Oxogian.