Exu Orixá.
26 de setembro de 2016 05:11 / Deixe um comentário
A palavra “Exu” significa, em ioruba, “esfera”, aquilo que é infinito, que não tem começo nem fim. Exu é o principio de tudo, a força da criação, o nascimento, o equilíbrio negativo do Universo, o que não quer dizer coisa ruim. Exu é a célula mater da geração da vida, o que gera o infinito, infinita vezes.
É considerado o primeiro, o primogênito; responsável e grande mestre dos caminhos; o que permite a passagem o inicio de tudo. Exu é a força natural viva que formenta o crescimento. É o primeiro passo em tudo. É o gerador do que existe, do que existiu e do que ainda vai existir.
Exu está presente, mais que em tudo e todos, na concepção global da existência. É a capacidade dinâmica de tudo que tem vida. Principalmente dos seres humanos que carregam, em seu plexo, o elemento dinâmico denominado Exu.
É aquilo que no candomblé chamamos de Bára, ou seja “no corpo”, preso a ele. É o que nos dá capacidade de agir, andar, refletir, idealizar. Sem o elemento Bára, a vida sadia é impossível. Sem ele, o homem seria excepcional, retardado, impossível de coordenar e determinar suas próprias atitudes e caminhos de vida..
Realmente, Exu está presente em tudo. E damos como exemplo inicial a concepção da geração da vida. O membro ereto do macho tem a presença de Exu- aliás, em terras da África, o membro rijo é o símbolo da vida, o símbolo de Exu – ; a penetração na fêmea, tema a regência de Exu; a ejaculação é coordenada por Exu; o percurso do espermatozóide dentro da fêmea, é regido por Exu; também na fecundação do óvulo Exu está presente. E quando a primeira célula da vida esta formada, a presença de Exu se faz necessária. Já na multiplicação da célula, a regência passa por Oxum, que vai reger o feto até o nascimento.
Exu também está presente no calor, no fogo, na quentura. Presente se faz nos lugares poucos arejados, nos lugares onde existem multidões, nos ambientes fechados e cheios.
Exu está na alteração do ânimo, na discussão, na divergência, no nervosismo. Está presente no medo, no pavor, na falta de controle do ser humano. Também está perto na gargalhada, no riso farto, na alegria incontida. Para nós brasileiros, amantes do futebol, Exu está presente no grito de “gol”, que soltamos de forma feliz e nervosa. É o desprendimento do nervosismo contido no peito.
Exu é a velocidade, a rapidez do deslocamento. É a bagunça generalizada e o silêncio completo. Diz-se que Exu é a contradição. É o sim e o não; o ser e o não ser. Exu é a confusão de idéias que temos. É a invenção, descoberta. Exu é o namoro, é o desejo, é o sentimento de paixão desenfreadas e é também o desprezo. Exu é a voz, o grito, a comunicação. É a indignação e a resignação. É a confusão dos conceitos ba´sico. Aquele que ludibria, engana, e confunde; mas também ajuda, dá caminhos, soluciona. É aquele que traz dor e a felicidade.
Para se ter uma noção do comportamento e da regência paradoxal de Exu, cito um de seus Orikis (versos sarados), que diz;
” Exu matou um pássaro ontem, com a pedra que jogou hoje”
Assim, pode-se ter uma idéia exata de quem Exu é, como é, e como rege as coisas. Ele esta presente em tudo….. em nada.
Exu esta presente no consumo de substâncias tóxicas, no álcool, na droga, no fumo. Ele é o sólido, o liquido e o gasoso. Está nas conversas de esquinas, de bares, de restaurantes, de praças. Está na aceitação ou recusa de qualquer coisa.
Está presente também nas refeições, pois ele é quem rege o ato de mastigar e engolir. A gula é atributo de Exu. Está no coito, no prazer sexual, na preguiça; mas também está presente na disposição, na energia, sem querer com isso carregar peso, pois Exu não gosta de carregar peso. Outro Oriki fala claramente sobre esta sua particularidade:
” Xonxô obé, odara kolori erú”
” A lâmina (sobre a cabeça) é afiada; ele não tem cabeça para carregar fardos”
Exu é tudo isso e mais. Fogo é o seu elemento, mas a Terra e o Ar são bem conhecidos de Exu. É a presença constante!
Mitologia
Exu é filho de Iemanjá e irmão de Ogun e Oxossi. Dos três é o mais agitado, capcioso, inteligente, inventivo, preguiçoso e alegre.É aquele que inventa historias, cria casos e o que tentou violar a própria mãe.
Numa de suas muitas histórias, podemos entender exatamente suas capacidade inventiva, sua conduta maquiavélica e sua maneira pratica de resolver seus assuntos e saciar seus desejos.
Conta-se que dois grandes amigos tinham, cada um deles,um pedaço de terra, dividido por uma cerca. Diariamente os dois iam trabalhar, capinando e revirando a terra, para plantio.Exu, interessado nas terras, fez a proposta para adquiri-las, o que foi negado pelos agricultores. Aborrecido, mas determinado a possuir aqueles dois terrenos, Exu procurou agir. Colocou na cerca um boné. De um lado branco, de outro vermelho. Naquela manhã, os amigos lavradores chegaram cedo para trabalhar a terra e viram o boné na cerca. Um deles via o lado branco e outro o lado vermelho.
Em dado momento, um dos amigos pergunto: – “O que este boné branco faz em minha cerca?” Ao que o outro retrucou: – “Branco? Mas, o boné é vermelho!”
– Não, não, amigo. O boné é branco, como algodão!
– Não, não é mesmo! É vermelho como o sangue!
– Não sei como você pode ver vermelho, se é branco, está louco?
– Não, o louco é você, que vê branco, se a coisa é vermelha!
Bem, daí desencadeou-se a maior discussão, até chegarem à luta corporal. E com as mesmas ferramentas de trabalho, mataram-se.
Exu, que de longe assistiu a tudo, esperando o desfecho já imaginado por ele, aproximou-se e assumiu a posse das terras, não sem antes fazer um comentário, bem ao seu estilo:
– Mas que gentes confusas, que não consegue solucionar problemas tão simples!
Esse é o tipo de Exu!
Não quero passar a impressão de que se trata de uma coisa ruim, má, mas Exu é nosso próprio interior, é a nossa intimidade, o nosso poder de ser bom ou mau, de acordo, com nossa própria vontade. Exu é o ponto mais obscuro do ser humano e é, ao mesmo tempo, aquilo que existe de mais óbvio e claro.
Assim é Exu, Senhor dos caminhos, pai da verdade e da mentira. O Deus da contradição, do calor, das estradas, do princípio ativo de vida. O mestre de tudo… e nada!
Mês das crianças na Umbanda!
19 de setembro de 2016 05:50 / Deixe um comentário
As crianças na Umbanda são a alegria que contagia a Umbanda. Descem nos terreiros simbolizando a pureza, a inocência e a singeleza. Seus trabalhos se resumem em brincadeiras e divertimentos. Podemos pedir-lhes ajuda para os nossos filhos, resolução de problemas, fazer confidências, mexericos, mas nunca para o mal, pois eles não atendem pedidos dessa natureza.
São espíritos que já estiveram encarnados na terra e que optaram por continuar sua evolução espiritual através da prática de caridade, incorporando em médiuns nos terreiros de Umbanda. Em sua maioria, foram espíritos que desencarnaram com pouca idade (terrena), por isso trazem características de sua última encarnação, como o trejeito e a fala de criança, o gosto por brinquedos e doces.
Assim como todos os servidores dos Orixás, eles também têm funções bem específicas, e a principal delas é a de mensageiro dos Orixás, sendo extremamente respeitados pelos caboclos e pelos pretos-velhos.
É uma falange de espíritos que assumem em forma e modos, a mentalidade infantil. Como no plano material, também no plano espiritual, a criança não se governa, tem sempre que ser tutelada. É a única linha em que a comida de santo (Amalás), leva tempero especial (açúcar). É conhecido nos terreiros de Nação e Candomblé, como (ÊRES ou IBEJI). Na representação nos pontos riscados, Ibeji é livre para utilizar o que melhor lhe aprouver. A linha de Ibeji é tão independente quanto à linha de Exu.
Ibeijada, Erês, Dois-Dois, Crianças, Ibejis, são esses vários nomes para essas entidades que se apresentam de maneira infantil.
No Candomblé, o Erê, tem uma função muito importante. Como o Orixá não fala, é ele quem vem para dar os recados do pai. É normalmente muito irrequieto, barulhento, às vezes brigão, não gosta de tomar banho, e nas festas se não for contido pode literalmente botar fogo no oceano. Ainda no Candomblé, o Erê tem muitas outras funções, o Yaô, virado no Erê, pode fazer tudo o que o Orixá não pode, até mesmo as funções fisiológicas do médium, ele pode fazer. O Erê muitas vezes em casos de necessidade extrema ou perigo para o médium, pode manifestar-se e trazê-lo para a roça, pegando até mesmo uma condução se for o caso.
Na Umbanda mais uma vez, vemos a diferença entre as entidades/divindades. A Criança na Umbanda é apenas uma manifestação de um espírito cujo desencarne normalmente se deu em idades infanto-juvenis. São tão barulhentos como os Erês, embora alguns são bem mais tranquilos e comportados.
No Candomblé, os Erês, tem normalmente nomes ligados ao dono da coroa do médium. Para os filhos de Obaluaiê, Pipocão, Formigão, para os de Oxossi, Pingo Verde, Folinha Verde, para os de Oxum, Rosinha, para os de Yemanjá, Conchinha Dourada e por ai vai.
As Crianças da Umbanda têm os nomes relacionados normalmente a nomes comums, normalmente brasileiros. Rosinha, Mariazinha, Ritinha, Pedrinho, Paulinho, Cosminho, etc…
As crianças de Umbanda comem bolos, balas, refrigerantes, normalmente guaraná e frutas, os Erês do Candomblé além desses, comem frangos e outras comidas ritualísticas como o Caruru, etc… Isso não quer dizer que uma Criança de Umbanda não poderá comer Caruru, por exemplo. Com Criança tudo pode acontecer.
Quando incorporadas em um médium, gostam de brincar, correr e fazer brincadeiras (arte) como qualquer criança. É necessária muita concentração do médium (consciente), para não deixar que estas brincadeiras atrapalhem na mensagem a ser transmitida.
Os “meninos” são em sua maioria mais bagunceiros, enquanto que as “meninas” são mais quietas e calminhas. Alguns deles incorporam pulando e gritando, outros descem chorando, outros estão sempre com fome, etc… Estas características, que às vezes nos passam desapercebido, são sempre formas que eles têm de exercer uma função específica, como a de descarregar o médium, o terreiro ou alguém da assistência.
Os pedidos feitos a uma criança incorporada normalmente são atendidos de maneira bastante rápida. Entretanto a cobrança que elas fazem dos presentes prometidos também é. Nunca prometa um presente a uma criança e não o dê assim que seu pedido for atendido, pois a “brincadeira” (cobrança) que ela fará para lhe lembrar do prometido pode não ser tão “engraçada” assim.
Poucos são aqueles que dão importância devida às giras das vibrações infantis.
A exteriorização da mediunidade é apresentada nesta gira sempre em atitudes infantis. O fato, entretanto, é que uma gira de criança não deve ser interpretada como uma diversão, embora normalmente seja realizada em dias festivos, e às vezes não consegamos conter os risos diante das palavras e atitudes que as crianças tomam.
Mesmo com tantas diferenças é possível notar-se a maior características de todos, que é mesmo a atitude infantil, o apego a brinquedos, bonecas, chupetas, carrinhos e bolas, como os quais fazem as festas nos terreiros, com as crianças comuns que lá vão a busca de tais brinquedos e guloseimas nos dias apropriados. A festa de Cosme e Damião, santos católicos sincretizados com Ibeiji, à 27 de Setembro é muito concorrida em quase todos os terreiros do pais.
Uma curiosidade: Cosme e Damião foram os primeiros santos a terem uma igreja erigida para seu culto no Brasil. Ela foi construída em Igarassu, Pernambuco e ainda existe.
As festas para Ibeiji, tem duração de um mês, iniciando a 27 de setembro (Cosme e Damião) e terminando a 25 de outubro, devido a ligação espiritual que há entre Crispim e Crispiniano com aqueles gêmeos, pela sincretização que houve destes santos católicos com os “ibejis” ou ainda “erês” (nome dado pelos nagôs aos santos-meninos que têm as mesmas missões.
Nas festas de ibeiji, que tiveram origem na Lei do ventre-Livre, desde aquela época até nossos dias, são servidos às crianças um “aluá” ou água com açúcar (ou refrigerantes adocicados no dia de hoje), bem como o caruru (também nas Nações de Candomblés).
Não gostam de desmanchar demandas, nem de fazer desobsessões. Preferem as consultas, e em seu decorrer vão trabalhando com seu elemento de ação sobre o consulente, modificando e equilibrando sua vibração, regenerando os pontos de entrada de energia do corpo humano.
Esses seres, mesmo sendo puros, não são tolos, pois identificam muito rapidamente nossos erros e falhas humanas. E não se calam quando em consulta, pois nos alertam sobre eles.
Muitas entidades que atuam sob as vestes de um espírito infantil, são muito amigas e têm mais poder do que imaginamos. Mas como não são levadas muito a sério, o seu poder de ação fica oculto, são conselheiros e curadores, por isso foram associadas à Cosme e Damião, curadores que trabalhavam com a magia dos elementos.
Filhos de Oxalá.
12 de setembro de 2016 07:47 / 1 comentário em Filhos de Oxalá.
Uma das características dos filhos de Oxalá é que eles são um tanto inconstantes e se amuam ou se zangam com grande facilidade, podendo se tornar um pouco ranzinzas. Para alguns filhos deste orixá, sua opinião deve ser ouvida e imposta até os extremos e não raramente por causa dessa característica, os filhos de Oxalá de desentendem com filhos de Iansã, Ogum e Xangô, principalmente.
São, também, pessoas de grande capacidade de liderança,… tornando-se, não raras vezes, líderes em suas comunidades ou no ambiente de trabalho, pois inspiram com muita força através do seu discurso. Os filhos de Oxaguiã são bons oradores, e falam muito bem na maioria das vezes. Podem também ter talento especial para a escrita.
Os filhos de Oxalá são calmas, responsáveis, reservadas e de muita confiança. Seus ideais normalmente são levados até o fim, mesmo que todas as pessoas sejam contrárias a suas opiniões e projetos.
Gostam de dominar e liderar as pessoas, especialmente as filhas deste orixá. Em contrapartida, são muito delicadas, caprichosas, mantendo tudo sempre bonito, limpo, com beleza, harmonia e carinho. Respeitam a todos mas exigem ser respeitadas, caso contrário, não há diálogo possível.
Os filhos de Oxalá geralmente perdoam facilmente, sabem ver que sentimentos negativos só atrasam. Sabem conquistar com seu jeitinho elegante, refinado e sincero. São calmos e dóceis, na maioria das vezes, andam com a postura reta, que representa sua natural elegância. Tem gostos caros e apreciam especialmente um bom vinho.
A velhice tende a tornar os filhos de Oxalufã irritados e rabugentos, para aqueles que tem a versão mais jovem, Oxaguiã, a idade pode trazer mais concentração e geralmente os filhos deste orixá alcançam a estabilidade financeira quando estão mais velhos. Os filhos de Oxalá podem ser também muito teimosos.
Os filhos de Oxalá são vaidosos, sempre preocupados em ostentar boa aparência e em serem agradáveis. As filhas de Oxalá são boas mães e esposas, embora, às vezes, se mostrem um pouco dominadoras e ciumentas. Também gostam de apresentar-se bem, embora discretamente.
Os Boiadeiros na Umbanda
5 de setembro de 2016 07:54 / Deixe um comentário
A Linha de Trabalho dos Boiadeiros foi criada sob o arquétipo do homem do campo que lidava diariamente com a criação e com rebanhos de animais como cabras, ovelhas, bois e cavalos. Em sua maioria eram boiadeiros, vaqueiros, pastoreados, tocadores de gado, peões e laçadores que por força de sua função desenvolveram grande determinação, uma fé forte e resistente, força de vontade, simplicidade, um grande senso de liberdade e necessidade de conviver com a natureza e com os animais de forma harmoniosa, respeitando a criação divina e a sua força demonstrada através do tempo climático e das quatro estações do ano. Para essas pessoas, o tempo atua diretamente em suas vidas podendo ser generoso mantendo seus pastos verdes e os animais saudáveis ou rigoroso promovendo grandes estiagens que secam seus campos e reservas de água fazendo sofrer seus animais. Têm a exata noção da importância das ações da natureza em suas vidas e por este motivo respeitam a terra em que pisavam, o ar que respiravam, a água que bebiam, a vegetação que os alimentava e o fogo que os aquecia nas longas noites ao relento no campo. São homens e mulheres fortes, habilidosos, valentes, impetuosos, persistentes e responsáveis, pois, recebem os rebanhos e os acolhem sob o compromisso de conduzir todos eles durante a longa jornada até o destino final, em plena segurança.
Assumem a sua guarda, a sua alimentação, a sua proteção e o seu direcionamento. Por todos estes motivos e por haver uma forte afinidade destes espíritos com uma grande parte da população brasileira, a linha dos Boiadeiros foi estabelecida e firmada dentro da Umbanda. Através dela se manifestam espíritos que tiveram esta vivência e outros irmãos que tenham afinidades e missões dentro de seu campo de atuação, mas que podem não ter vivido diretamente esta experiência na matéria. Com todas estas características marcantes e vigorosas eles são um excelente auxílio e grande força de trabalho na atuação sobre os eguns (obsessores, espíritos desequilibrados e negativados). São de pouca conversa, mas de muita ação.
Podem se apresentar nos rituais de Umbanda dançando, se movimentando como se estivessem galopando, rodando, girando as mãos como se estivessem laçando gado, cantando, bradando, ou de outra forma mais adequada à sua forma de atuação. Em sua aparência, são como os homens do campo e podem utilizar roupas de couro ou de tecido, calças com franjas de couro ou bombachas, chapéus, botas, esporas, laços, chicotes, berrantes e outros adereços de pastoreados, peões e boiadeiros. Utilizando suas principais “armas” espirituais, que são o chicote e o laço de gado (instrumentos que são mistérios magísticos), arrebanham e recolhem os espíritos trevosos redirecionando-os para seus locais de merecimento estabelecidos pela Lei Maior e pela Justiça Divina. Desta forma, os Boiadeiros têm autorização para conduzir os espíritos da mesma forma que conduziam sua boiada, levando cada boi (espíritos) para o seu destino, e trazem os bois que se desgarram (eguns, obsessores, quiumbas) de volta ao seu caminho junto com o resto da boiada. Podem realizar suas funções através do tempo atuando no presente e no passado, pois têm o amparo de Iansã que permite esta ação para que possamos voltar ao caminho da nossa evolução natural. Através das ondas espirais do Tempo, são recolhidos os espíritos perdidos em suas próprias memórias desequilibradas e serão diluídas energias densas acumuladas no decorrer de suas jornadas espirituais.
A Linha de Trabalho dos Boiadeiros é regida por Ogum, Iansã e Xangô, pois é através de suas irradiações divinas que todo o trabalho desses Guias é realizado. Os Boiadeiros também podem receber irradiações secundárias dos outros Pais e Mães Orixás para que atuem em seus campos de trabalho. Embora eles atuem de forma muito eficaz na condução, direcionamento, recolhimento e redirecionamento de espíritos, sua função primordial e de maior importância dentro dos trabalhos mediúnicos é a dispersão e limpeza das energias negativas impregnadas nos ambientes e nos campos magnéticos e corpos espirituais dos médiuns e consulentes das casas de trabalho de Umbanda. Com seus movimentos circulares, seja de seus corpos ou de seus chicotes, eles promovem “choques” energéticos que vão soltando e desfazendo todos os agregados, miasmas, focos de doenças e demais negatividades. Quando bradam, na maioria das vezes, estão ordenando os espíritos recolhidos no local para redirecioná-los e deixar a casa de trabalho em perfeita ordem e harmonia para realizar a sua caridade. Atuam no combate e desmanche de demandas e magias negativas. Eles atuam em todas as religiões, dizem que são os boiadeiros que “laçam” os fiéis de acordo com as suas afinidades pessoais e o seu grau evolutivo e os direcionam para a religião que melhor possa auxiliá-lo naquele momento de sua vida.
Nomes de alguns Boiadeiros mais conhecidos: Boiadeiro da Jurema, Boiadeiro do Lajedo, Boiadeiro do Rio, Carreiro, Boiadeiro das 7 porteiras, Boiadeiro Navizala, Boiadeiro da Campina, João Boiadeiro, Boiadeiro Chapéu de Couro, Boiadeiro Juremá, Zé Mineiro, Zé do Laço, Boiadeiro Severino, Boiadeiro do Chapadão, entre outros.